Em muitos museus atualmente é possível fazer uma visita
guiada, com auxílio de um equipamento chamado Áudio-Guia. Seu funcionamento é
simples e prático. A cada obra ou trecho da exposição é atribuído um número que
deve ser selecionado no Áudio-Guia, acionando uma breve explicação que pode ser
ouvida aproximando o aparelho do ouvido. Normalmente, os Áudio-Guias estão
disponíveis em vários idiomas. Esse sistema enriquece muito a visita, pois acrescenta
informações sobre a biografia do autor e sobre as obras, ajudando a compreender
o contexto histórico e artístico em que foram produzidas. Ao mesmo tempo,
permite que cada visitante aprecie o espaço no seu ritmo.
Em março desse ano visitei o Museu
Nacional Marc Chagall, em Nice, no sul da França (http://www.musee-chagall.fr). Foi lá que conheci um dispositivo,
parecido com este, mas feito para visitantes surdos. O funcionamento é semelhante,
porém, a cada número selecionado, o visitante acessa uma explicação gravada em
língua de sinais, mostrada em uma pequena tela. A ideia me pareceu bastante
simples e eficaz e talvez esse Vídeo-Guia seja mais comum do que eu pense e eu
apenas não os tinha notado antes.
Dois detalhes, porém, chamaram minha atenção. A funcionária
do museu foi muito gentil em nos mostrar o equipamento e tirar nossas dúvidas.
No entanto, não foi possível ver o Vídeo-Guia em funcionamento porque todos os
aparelhos estavam descarregados. A funcionária, meio sem graça, nos explicou
que haviam outros carregados em outro lugar, caso alguém precisasse realmente
usá-los. De qualquer modo, isso me fez pensar sobre a frequência de uso desses
Vídeo-Guias. Será que eles são tão requisitados que as baterias todas se
acabaram, ou se descarregaram porque ninguém usa e ficaram esquecidos em alguma
gaveta? Será que os surdos sabem da existência desses aparelhos
Além disso, fiquei curiosa em saber se, assim como no caso
dos Áudio-Guias, os Vídeo-Guias também estavam disponíveis em línguas de sinais
de diferentes países. Isso seria realmente incrível! Ao que a funcionária,
agora um pouco espantada com minha pergunta, respondeu que eles estavam em
língua de sinais e que a língua de sinais é universal; uma compreensão equivocada,
mas que é ainda muito comum. Ela expressa a ideia de que a língua de sinais
seria como uma mímica ou um conjunto de gestos e não uma língua viva e mutante,
com léxico e semântica ricos, e que se desenvolve, como todas as outras
línguas, em cada contexto cultural particular, com seus regionalismos, suas gírias
e sujeita à influência de seu tempo.
De qualquer modo, ponto pro Museu Nacional Marc Chagall.
Adoraria saber se existem no Brasil museus que oferecem esse ou outros serviços
que favorecem a acessibilidade. Alguém aí saberia me dizer?
Foto de arquivo pessoal
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